Ver o Nameless King naquele primeiro trailer de Elden Ring: Nightreign me deixou com sentimentos mistos. Por um lado, fiquei empolgado ao ver Dark Souls ressurgir de alguma forma depois de tantos anos. Por outro, fiquei apavorado com a possibilidade de ter que enfrentar novamente o primogênito de Gwyn nesse review de Elden Ring Nightreign.

Então, quando a névoa se dissipou na segunda noite da minha expedição e aquela silhueta tão familiar surgiu, meu coração disparou — era como se eu estivesse prestes a enfrentar um boss lendário mais uma vez. Estava certo de que minha run perfeita ia por água abaixo.

Ou não.

Elden Ring Nightreign - Capa do Jogo

Pontos Fortes

✔️ Cada Senhor da Noite é um espetáculo para se ver. É difícil ficar com raiva morrendo diante de demonstrações tão deslumbrantes.

✔️ O modo cooperativo está mais intuitivo do que nunca, dispensando o sistema arcaico de invocação.

✔️ Algumas das histórias de personagens mais comoventes, com missões pessoais intrincadas que evocam Lucatiel e Solaire da melhor maneira possível.

✔️ Os efeitos de status finalmente são impactantes, incorporados a cada chefe final.

✔️ As relíquias fazem até mesmo a derrota parecer valiosa, já que você pode ajustar uma build mais adequada a qualquer chefe com o qual esteja tendo dificuldades.

Pontos Fracos

❌ O matchmaking pode ser instável às vezes, especialmente em jogos entre regiões.

❌ A ausência de jogabilidade multiplataforma, pelo menos entre Xbox e PlayStation, é bizarra para um jogo multijogador de 2025.

❌ Os chefes muitas vezes pareciam muito esponjosos, o que, com equipamentos ruins, poderia transformar as lutas em guerras exaustivas de atrito.

Ele foi surpreendentemente fácil, me deixando com a maioria dos frascos e, o melhor de tudo, com minha dignidade intacta. Agora, sempre que o Nameless King aparece em futuras runs, eu até respiro aliviado. É só mais um chefe de Dark Souls, tranquilo, a gente dá conta. Nightreign — assim como Shadow of the Erdtree — é a FromSoftware levantando o dedo do meio para os fãs que disseram que Elden Ring estava “fácil demais”, enquanto transforma alguns dos chefes mais lendários da história dos Soulsborne em meros figurantes. A gente realmente sofreu com ele?

Review de Elden Ring Nightreign

Nightreign é uma releitura em estilo roguelite de Elden Ring, onde você precisa sobreviver por dois dias inteiros — tudo isso enquanto um círculo à la battle royale vai se fechando — enfrentando dois chefes principais, antes de ser transportado para um deserto vasto, onde te espera o Nightlord da Expedição. Itens, inimigos e estruturas são totalmente aleatórios, o que faz com que cada partida pareça única. Mesmo que você morra, é possível desbloquear melhorias permanentes (conhecidas como Relíquias), que permitem montar builds únicas para cada personagem. É uma abordagem interessante da fórmula Soulslike, condensando o ciclo típico de tentativa e erro em rodadas curtas e intensas. Mas é com os Nightlords que Nightreign realmente brilha.

Cada um deles possui duas fases, e quando a segunda começa, a sensação é a de estar diante de um chefe de Shadow of the Erdtree. A arena se transforma em um espetáculo visual, um palco onde esses chefes liberam alguns dos ataques mais impressionantes que já tive o prazer de… morrer para ver. Sim, pode ser frustrante, mas meu Deus, como é lindo ver o caos acontecer. Embora seja mais difícil decorar os padrões de ataque — já que morrer significa reiniciar toda a run, o que pode te deixar uns 40 minutos longe de outra tentativa —, os golpes são, na verdade, mais fáceis de desviar do que parecem, mesmo com todo o exagero cinematográfico.

O equilíbrio em relação aos Nightlords está no fato de que:
a) são alguns dos chefes mais rápidos já vistos em um jogo estilo Soulsborne;
b) um único erro pode causar dano devastador.
Mas, mesmo assim, morrer não significa ser mandado direto de volta ao último Ponto de Graça. Você pode ser revivido, o que dá espaço para se recuperar mesmo depois de um início catastrófico. Isso faz com que os momentos finais, quando o chefe finalmente desaparece no éter, estejam entre os mais recompensadores já criados por um jogo nesse estilo.

Mas o que realmente destaca Nightreign em meio a tantos títulos inspirados em FromSoftware é a maneira como ele dá propósito real aos efeitos de status. Você pode até enfrentar os Nightlords com qualquer equipamento que encontrar pelo caminho, mas todos os oito chefes têm uma fraqueza específica, claramente indicada na aba da Expedição, acessível na Roundtable Hold (o que é surpreendentemente intuitivo, vindo de um jogo nesse estilo — algo recorrente em Nightreign). No mapa, as regiões são marcadas com ícones de efeitos de status, mostrando quais tipos de inimigos e recompensas você provavelmente encontrará por lá. Isso permite traçar estratégias bem definidas, em vez de depender apenas da sorte ou da improvisação.

E o melhor: essas fraquezas realmente fazem diferença. Por exemplo, o chefe Gaping Jaw para de saltar e lançar veneno quando você aplica o efeito certo, abrindo uma janela perfeita para o ataque. Finalmente, o sangramento não é o único efeito que vale a pena usar — cada equipamento tem seu valor e seu lugar em builds bem pensadas.


...Mas Eles Têm Vida Demais

Review de Elden Ring Nightreign

O lado negativo de Nightreign é que às vezes parece que você está jogando Shadow of the Erdtree com apenas alguns Fragmentos de Scadutree no inventário. Os Nightlords são verdadeiras esponjas de dano, o que transforma cada batalha em uma guerra de desgaste cansativa, onde a paciência fala mais alto do que a habilidade ou a estratégia. Em várias partidas, dava pra ver claramente que meus aliados estavam no limite, esgotados, sendo atingidos por golpes que normalmente desviariam com perfeição. Isso nos jogava em um ciclo vicioso de fugir do chefe e reviver os companheiros — até que, inevitavelmente, todo o time caía.

Os efeitos de status ajudam um pouco a contornar esse problema, mas os Nightlords continuam sendo absurdamente resistentes na maior parte do tempo. Isso acaba tirando o impacto e o senso de espetáculo das lutas, especialmente quando você já está preso naquela batalha por tempo demais. Esse sempre foi um equilíbrio delicado nos jogos Soulsborne: quanto mais invocações você usa, mais vida o chefe ganha. Mas quando o inimigo já foi criado pra dilacerar trios de jogadores, a experiência se torna cansativa.

Relíquias e Lembranças Mantêm o Ritmo Entre as Partidas

Review de Elden Ring Nightreign

Entre uma partida e outra, você pode acompanhar o progresso da história de cada um dos oito Nightfarers — jornadas que estão entre as mais emocionantes já vistas em um jogo no estilo Souls. Através de uma combinação de missões ao estilo Mesa Redonda e objetivos adicionais de expedição, as chamadas Lembranças elevam aquele estilo narrativo fragmentado, visto em personagens como Lucatiel e Solaire, transformando-o em tramas pessoais mais envolventes. Esse aprofundamento é ainda mais potente graças a diários surpreendentemente vulneráveis, que permitem vislumbrar o que há por trás das versões nem sempre confiáveis que os personagens da FromSoftware costumam apresentar.

É uma camada de narrativa diferente do que estamos acostumados no jogo base, mas que ainda mantém o mistério e a atmosfera enigmática que alimenta a obsessão dos lore hunters há mais de uma década. No entanto, além do impacto narrativo, as Lembranças quebram a repetição do ciclo entre partidas: seja enfrentando gladiadores em coliseus, seja em momentos de contemplação nas cercanias da Mesa Redonda, onde você pode até pintar memórias de um mundo perdido. Isso não só diversifica o loop central de Nightreign, como também transforma as classes pré-definidas — que já são mais distintas do que nunca graças às suas habilidades definitivas e poderes únicos — em personagens verdadeiramente memoráveis.

E dá pra ir além com as Relíquias, que permitem equipar até três por Nightfarer. No começo, confesso que achei tudo meio inútil. Muitas delas vêm com aquela linguagem estatística seca, como "+2 em Força" ou melhorias vagas para as Encantações da Comunhão dos Dragões, que pareciam mais enfeites de jogo looter shooter do que algo realmente impactante, como se quisessem forçar uma sensação de progresso entre as partidas. Ainda que alguns bônus mantenham esse aspecto superficial, quanto mais avancei, mais encontrei Relíquias com efeitos realmente significativos.

Por exemplo, nem sempre você encontra uma arma com o efeito de status ideal para enfrentar o Nightlord da vez. Mas eu tinha uma Relíquia que aplicava veneno na minha arma inicial — o que, somado a outra Relíquia de nível superior que aumentava meu dano contra inimigos envenenados, tornou a luta contra o Gaping Jaw muito mais tranquila. A diferença no dano era perceptível, mesmo só melhorando minha arma inicial em vez de equipar os itens mais brilhantes do jogo. Também é possível personalizar habilidades: dá, por exemplo, pra transformar a lâmina amaldiçoada do Executor (que funciona como o sistema de parry de Sekiro) em uma técnica de cura, tornando sua build muito mais autossuficiente nos combates.

Fico empolgado só de imaginar como a comunidade vai combinar Relíquias para criar builds diferentes para cada personagem. Como o jogo permite salvar múltiplas configurações, será muito interessante ver quais metas surgem para cada chefe e o quanto o sistema se encaixa de forma precisa ao encontrar as sinergias certas.

Sistema de Matchmaking Me Deixa um Pouco Preocupado

Review de Elden Ring Nightreign

No meu preview, eu disse que Nightreign aperfeiçoou o formato multiplayer estilo Soulslike — e continuo defendendo isso. Reviver os companheiros caídos é feito ao atacá-los, o que não só combina perfeitamente com a proposta Soulslike, como também é muito mais envolvente do que simplesmente segurar um botão. Existe uma camada de estratégia aqui: você precisa decidir se vale a pena investir tempo batendo no aliado para levantá-lo, ou se é melhor focar todo o dano no chefe. Perdi várias partidas tentando reviver alguém — às vezes, não tem jeito, é confiar no clutch solo mesmo.

Montar um grupo também é bem mais simples do que o sistema de invocação arcaico e desnecessariamente confuso de outros jogos do gênero. Agora funciona como em qualquer multiplayer moderno. O problema é que o matchmaking ainda era instável na versão de review. É possível convidar amigos diretamente da sua lista, mas nem sempre funcionava. O sistema por senha até ajudava, mas jogar entre regiões diferentes era uma verdadeira loteria. Também tivemos alguns erros de rede que nos tiraram da partida — dá para voltar, mas você perde um nível no processo. Como o pilar principal de Nightreign é o coop, espero que esses bugs sejam corrigidos o quanto antes.

O que realmente preocupa, especialmente em um jogo focado em multiplayer lançado em pleno 2025, é a ausência de crossplay. Entendo que deixar o PC de fora pode ser uma medida de segurança, considerando a quantidade de hackers que costumam aparecer nos jogos estilo Souls, mas não ter integração entre Xbox e PlayStation é um erro difícil de justificar. A ausência de modo para duplas (que talvez chegue depois do lançamento) também incomoda. Em várias partidas que joguei, mesmo quando parte da equipe caiu, apenas dois jogadores conseguiram levar a vitória. Isso mostra que duplas poderiam funcionar tão bem quanto trios. Melhor que solo, inclusive — que, mesmo com ajustes de balanceamento, continua sendo uma experiência bem punitiva por conta da falta de mecânicas de reviver.

Entrar em partida atrás de partida, mergulhando naquele ciclo vicioso tão característico dos Soulslike, foi incrivelmente satisfatório. E as vitórias nunca pareceram tão merecidas. Existem algumas falhas menores, como a ausência de crossplay e chefes com barras de vida esponjosas demais, mas no geral, Nightreign é uma das ideias mais criativas desde que a FromSoftware cunhou o gênero Soulslike.


Screenshots de Elden Ring Nightreign

By Zanetti

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